GÊNERO E RAÇA: Uma análise sobre a participação da mulher negra em ambientes organizacionais

ANTONIA AURIANE DE SOUSA SILVA
ANTONIA RAFAELA DA SILVA
RUTHELLE MARIA DE CARVALHO SOUSA

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo identificar as dificuldades enfrentadas por mulheres negras na inserção ao mercado de trabalho, levando em consideração a evolução histórica e parâmetros sociais que ainda são determinantes dentro da sociedade e das organizações nos dias atuais. A metodologia utilizada se deu por meio de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, através de uma análise bibliográfica da literatura já existente. A pesquisa levou 4 meses para a sua construção e os resultados apontaram que mesmo após todos os movimentos criados ao passar dos anos, muitas situações ainda se repetem no dia a dia das mulheres negras, principalmente no seu ambiente de trabalho, onde sofrem assédios e não recebem a visibilidade e reconhecimento da maneira correta.

Palavras-chave: Sociedade; Racismo; Mercado de trabalho.

ABSTRACT

The present work aims to identify the difficulties faced by black women in entering the labor market, taking into account the historical evolution and social parameters that are still determinant within society and organizations today. The methodology used was through an exploratory research, with a qualitative approach, through a bibliographical analysis of the existing literature. The research took 4 months to complete and the results showed that even after all the movements created over the years, many situations are still repeated in the daily lives of black women, especially in their work environment, where they suffer harassment and do not receive visibility and recognition in the right way.

Keywords: Society; Racism; Labor market.

1 INTRODUÇÃO

Mesmo após mais de um século da abolição da escravatura no Brasil, as marcas deste período ainda se tornam presentes. É indubitável negar que mesmo depois de anos, a população negra ainda se encontra inferior à população branca, e  quando trazemos essa realidade para a classe de mulheres negras, a situação é  ainda mais agravante.

A população negra tornou-se livre em 1888, através da assinatura da Lei Áurea, porém ainda continuou por muito tempo sendo excluída e intitulados como incapazes comparados aos imigrantes europeus que vinham para trabalhar no Brasil naquela  época, e mesmo considerados legalmente livres e cidadãos, negros não participavam das esferas sociais, além de serem privados de benefícios sociais (ALVES, 2020).

Estudos voltados para temáticas raciais dentro de ambientes organizacionais ainda que trabalhados de forma mais aprofundada, não ameniza as práticas opressoras e excludentes envolvendo classe de mulheres negras, uma vez que inter-relação entre racismo e sexismo são o eixo para a constante prática da interseccionalidade com mulheres negras (Oliveira, 2021). Ainda segundo o autor, a adversidade sofrida por mulheres negras dentro de ambientes organizacionais em toda a história foi uma realidade, pois a união do racismo, da opressão de classes e a vigência do patriarcado espelham um sistema de discriminação e a supressão.

Busca-se assim, como objetivo geral do estudo identificar as dificuldades enfrentadas por mulheres negras na inserção ao mercado de trabalho e para alcançar o objetivo geral busca-se como objetivos específicos: (a) Analisar a evolução histórica da participação de mulheres negras no mercado de trabalho; (b) Investigar o nível de escolaridade e qualificação profissional de mulheres negras; (c) Identificar os desafios enfrentados por mulheres negras na inserção no ambiente organizacional; e (d) Analisar até que ponto a objetificação e marginalização da mulher negra impactam no ambiente organizacional.

O estudo irá abordar questionamentos relevantes sobre como mesmo  com tanta preocupação da sociedade atual relacionada a igualdade de direitos de gênero e raça, ainda é persistente em grandes organizações, a prática do preconceito com pessoas de pele negra, em especial as mulheres negras, posto a situação se torna ainda mais delicada com estas, investigando quais os principais desafios que essas mulheres enfrentam ao ingressarem no meio organizacional.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Parâmetros históricos da mulher negra na sociedade e no mercado de trabalho.

Humilhadas, objetificação, vítimas de marginalização e enxergadas apenas como mão de obra a ser exploradas, assim era a realidade da mulher negra no período da escravidão (Barbosa, 2022). Ainda de acordo com o autor, mulheres negras no período escravocrata não possuíam sequer a autoridade de escolher o que queriam, além de serem subjugadas e estarem à mercê das atrocidades em suas condições de trabalho.

No período escravocrata, além de serem vítimas do preconceito pela sociedade, mulheres negras passavam por maus tratos comuns praticados pelos seus senhores, e somente depois da assinatura da lei Aurea pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, mulheres e homens negros se tornaram pessoas livres deixando a condição de escravos, mas ainda assim a sua mão de obra era desprezada pela forte presença do preconceito racial (Baptista, 2016).

Diferente do que se pensa, o sofrimento das mulheres não no período da escravidão não foi menor que o de homens negros, uma vez que estas eram expostas a condições insalubres de trabalho, mesmo atuando como domésticas, sendo babás ou cozinheiras, eram submetidas a humilhações, e diferentes dos homens, as mulheres negras eram violentadas sexualmente por seus senhores (Barbosa, 2022).

A partir do anos 2000, o cenário do mercado de trabalho no Brasil passou por mudanças , proporcionando melhorias, entretanto, a população negra, tanto homens como mulheres não foram totalmente incluídos em tais melhorias, umas vez que mesmo com o passar dos anos, em virtude de suas raízes associadas a escravidão, ainda são vistos como mão de obra barata, além de serem direcionados a prática de atividades precárias e marginais que são advindas da recorrente discriminação que o povo negro sofre (Lima, 2021).

Assim, analisando as narrativas dos autores citados, torna-se perceptível que a mulher negra dentro da sociedade, desde muito cedo sempre foi rebaixada e discriminada, e mesmo após a abolição da escravatura no Brasil continuavam não sendo bem-vistas perante a sociedade, tal discriminação mesmo depois de muitos anos ainda torna-se persistente.

2.2 Mulheres negras e o acesso à educação

Desde o período colonial sabe-se que os direitos das pessoas de cor negra eram bem restritos, mesmo após a abolição da escravatura, as tarefas concedidas aos negros, principalmente as mulheres, eram bem parecidos aos da época da escravidão, elas não tinham acesso nem a educação e nem a saúde, ou seja, não possuíam uma vida digna e nem próxima da realidade que as pessoas de pele branca possuíam. E esses fatos só se agravaram cada vez mais, as mulheres não conseguiam nem mesmo participar da criação dos seus filhos, pois continuavam a exercer funções de empregadas e babás das mulheres brancas de forma que chegava a ser exploração (Henriques, 2017).

Ainda segundo o autor acima, mesmo após a promulgação da lei 1331-A, em 1854, a legislação que regulamentava o ensino primário, secundário e a população vacina, ainda assim, esses direitos não incluíam as pessoas negras. Logo mais, no governo republicano outras reformas educacionais foram feitas, porém nada que chegasse a abranger a esta população que tanto necessitava.

Foi a partir principalmente das políticas de cotas que essa realidade mudou, pois no quesito de educação superior passou-se a ser dado mais oportunidade a população negra ingressar em cursos que alto prestígio, que antes somente eram almejados a população rica e de pele branca. A política de cotas foi um marco muito grande para a população negra, porém ainda divide opiniões. O sistema de cotas nas universidades geralmente se divide em dois o primeiro inclui a população que estudou seu ensino médio em escolas públicas e a outra que engloba os estudantes que se autodeclaram negros, pardos ou indígenas (Assunção, 2015).

A política de cotas foi criada após a Conferência Mundial contra o racismo em 2001, onde os resultados encontrados foram tão negativos, que moveram para a criação da política de cotas raciais nas universidades. Porém até hoje mesmo com cotas e com estratégias voltadas a esta temática, não forma suficientes para reparar todo o preconceito e discriminação histórica sofrida pela população negra, as taxas de analfabetismo entre os negros apesar de terem diminuído, ainda continua bastante expressiva, essas desigualdades ocorrem em especial as mulheres, que ainda são tão pouco vistas nos altos cargos das sociedades e que ainda ganham muito menos que os homens de pele branca, mesmo quando exercem as mesmas funções (Lerner, 2014).

Desde o período colonial as mulheres eram excluídas e até mesmo proibidas de terem acesso a educação, com o passar dos anos e a evolução dos povos, essa realidade teve uma mudança significativa e as oportunidades começaram a surgir, principalmente com o advento do sistema de cotas, porém, essa é uma realidade que não engloba totalmente essa classe, tendo em vista que as mulheres negras ainda sentem essa exclusão.

2.3 O ambiente organizacional e os desafios da mulher negra

A discriminação das mulheres negras é um assunto que é bastante discutindo, e por sua vez, ainda bastante recorrente, principalmente no mercado de trabalho, desde as primeiras colonizações, as mulheres em especial as negras, exerciam funções apenas domésticas, mesmo com toda a evolução da sociedade e das leis que protegem essa população da discriminação, ainda vemos muito o conceito de babás e empregadas domésticas atreladas as mulheres negras, pois elas sempre foram vistas como pessoas sensíveis e inferiores aos homens. Esses foram os principais fatores que ocasionaram a dificuldade de as mulheres chegarem hoje aos altos cargos executivos (Lima, et al, 2013).

Esse comportamento de ser sempre submissa a alguém, é um fator bastante pertinente, nos tempos antigos, as mulheres negras eram submissas as suas patroas brancas de classe superior, e em casa ainda eram submissas aos seus maridos, atualmente a situação se repete, principalmente no mercado de trabalho, onde as mulheres são submissas aos seus chefes e encarregados na sua maioria (Braz, Benevides, 2019).

Assim como em casa e na escola as mulheres negras continuam a sentir a exclusão e desvalorização, exclusivamente por serem negras, no ambiente organizacional a situação se repete, mulheres que possuem as mesmas qualificações, porém não têm as oportunidades de ingressarem e se destacarem nas organizações, porque os altos cargos em sua maioria seguem um padrão de cor de pele e gênero.

2.4 Objetificação e marginalização da mulher negra

Desde a época colonial até os dias atuais a objetificação e marginalização da mulher negra e de seu corpo, está presente na sociedade brasileira. Da Costa (2019), disserta que tais ações se desenvolveram através de um processo de desvalorização estética e social, estes que foram posteriormente responsáveis por todo o olhar de inferioridade estereotipados no meio social em relação às mulheres. Deste modo, torna-se possível compreender que tais ações culminaram nas explorações psicológicas, sexuais, verbais e físicas a que mulheres negras estiveram submetidas.

A discriminação racial juntamente com a prática do sexismo apresenta-se como uma neurose cultural dentro da sociedade brasileira, uma vez que a figura da mulher negra constantemente é retratada pelo protótipo da “mulata fogosa e boa de cama”, provocando desta maneira, a inferiorização em relação ao corpo da mulher negra e criando assim, um imaginário superficial destas (Da Cunha; Paiva, 2017).

A objetificação do corpo da mulher negra fica explícito quando se é reproduzida a frase popular “Branca para se casar, mulata para fornicar, negra para trabalhar”, a utilização dessa fala reforça desvalorização e marginalização do corpo da mulher negra na sociedade brasileira, dificultando cada vez mais a existência do respeito com estas (Oliveira, 2021).

As barreiras sociais ainda são muito presentes nos tempos atuais dentro da sociedade brasileira, estas que são reflexos das desigualdades sociais e raciais, decorrentes do preconceito e estereótipo de que as mulheres negras só podem desenvolver atividades domésticas ou serem objetos/presas sexuais exibindo seus corpos, e tudo isso se constata pela historicidade do sofrimento de uma classe de mulheres que foi irresponsavelmente desrespeitada e violentada sexualmente no período escravocrata e ao longo dos anos.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa classifica-se como qualitativa quanto à sua abordagem. Para Da Silva (2005), a pesquisa qualitativa é aquela que estabelece um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade, onde as informações não se traduzem em números, pois os significados e atribuições dentro de uma pesquisa qualitativa devem ser básicos, não sendo feito uso de dados estatísticos, a pesquisa de abordagem qualitativa considera a existência de uma relação dinâmica e harmônica entre o sujeito e o mundo real.

Já quanto aos procedimentos, se trata de uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é aquela que descreve um fato ou problema de forma mais aprofundada e que é construída a partir de dados encontrados em livros, artigos, monografias e outras fontes científicas (Beuren, 2013). Como complemento Nascimento (2016) acrescenta ainda que de certa forma todas as pesquisas possuem em sua construção uma parte bibliográfica, porém existem pesquisas que seguem somente com essa classificação. Esse tipo de pesquisa ajuda a criar uma maior familiarização do pesquisador com o tema. Quanto aos seus objetivos, a presente pesquisa caracteriza-se como exploratória. A finalidade da pesquisa exploratória é possibilitar uma familiaridade mais detalhada e aprofundada com determinado problema, objetivando torná-lo mais explícito (Da Silva, 2005).

A pesquisa em geral teve uma duração de 4 meses, onde inicialmente foi feito a definição do problema e objetivos da pesquisa. Posteriormente, realizou-se o levantamento bibliográfico para a construção da base teórica e conclusão do estudo.

 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A escravidão deixou na sociedade brasileira um legado de racismo, este por sua vez muito fortificado privilegiando classes elitistas. Mesmo com a abolição da escravidão em 1888, a presença de discursos desrespeitosos e cruéis direcionados a população negra, tais discursos desmoralizantes e preconceituosos tornam evidentes que homens e mulheres negras tiveram seus direitos negados, sendo por muito tempo excluídos da sociedade e impedidos de desfrutarem das mesmas condições de trabalhos que os brancos (Santos, 2019).

A participação de mulheres negras dentro do mercado de trabalho se restringe a subempregos, especialmente como empregadas domésticas, mesmo quando algumas delas possuem graus de escolarização elevados, dificultando assim o acesso destas a cargos mais elevados, cargos de chefia. Toda essa restrição acontece em virtude da sociedade racista, machista e sexista a qual estas mulheres estão inseridas, no entanto mesmo com tantas dificuldades e tamanha discriminação, as lutas por melhores participações no mercado de trabalho e reafirmação de que merecem reconhecimento são constantes (Santos, 2019).

Diante do que foi exposto, nota-se que mesmo com o passar dos anos, com abolição da escravidão há muito tempo atrás, a população negra, especialmente mulheres negras sofrem discriminação e dificuldade para o ingresso no mercado de trabalho, e quando conseguem este acesso, são designadas a cargos e atividades não tão importantes, pois o racismo enraizado na sociedade brasileira não permite que muitas mulheres negras componentes e qualificadas a realizar diversas atividades impossibilitam sua ascensão.

A sociedade atual ainda é muito machista, tratando as mulheres no geral como inferiores aos homens, mesmo com anos de lutas de vários movimentos, especialmente o feminista. Diariamente se houve notícias de agressão a mulheres seja no ambiente familiar ou profissional, simplesmente pelo de fato de serem mulheres e taxadas como sexo frágil que deve se colocar em posição inferior. Tal situação se torna ainda mais crítica quando se trata de mulheres negras, pois além de lidarem com a discriminação de gênero, ainda sofrem o racismo estrutural, e no âmbito profissional a desigualdade social em virtude de sua cor as levas a ocupação de cargos com baixo prestígio, pois há anos lhe são atribuídas a funções como faxineiras e cozinheiras, estas que vistas pela sociedade como atividades de pouca autoridade (Barbosa, 2022).

Em relação ao segundo objeto que busca investigar o nível de escolaridade e qualificação profissional de mulheres negras vai de encontro ao estudo de Artes e Unbehaum (2021) onde em seus resultados identifica que a presença de estudantes negros nas escolas e universidades tem aumentado bastante, entretanto, quando se faz um comparativo desses percentuais com a população em geral, os números se tornam muito distantes do ideal. Essa população começa a enfrentar desafios desde antes da inserção nas universidades, na educação básica, no ensino médio eles já tem diversos obstáculos para suportarem.

Queiroz e Santos (2016) também destaca em sua pesquisa que ao analisar a ingresso dos acadêmicos por gênero em cursos de alto prestígio as mulheres brancas quase que se igualam aos percentuais dos homens, porém as mulheres negras mesmo com os sistemas de cotas, sua participação ainda é a mais baixa. Concluiu que as mulheres negras possuem uma desvantagem muito grande em relação as mulheres brancas, pois até mesmo quando elas conseguem quebrar essas barreiras iniciais e ingressam nos cursos de seus sonhos, começa outra batalha ao terem que lidar com a estranheza dia a dia.

O terceiro objeto do presente estudo busca identificar os desafios enfrentados por mulheres negras na inserção do ambiente organizacional, visto que observamos que nas grandes empresas, nos altos cargos da sociedade pouquíssimos são ocupados por mulheres negras, com isso buscamos analisar o porquê dessa situação ainda acontecer até os dias atuais e quais as dificuldades enfrentadas na rotina dessas mulheres no seu ambiente de trabalho.

Mesmo com muitas mulheres negras na organização, na maioria das vezes, elas não estão em cargos de liderança, embora essas mulheres sejam tão qualificadas quanto os que ocupam os cargos mais almejados. Nessa realidade também podemos citar a questão do assédio, que muitas vezes é o fator mais agravante para que as mulheres não sigam no alcance dos seus objetivos de carreira, desde cedo elas são ensinadas a lidar com o sexismo e quando ocupam cargos mais elevados isso só aumenta. Outro fator que impede essa evolução organizacional é o fato de tornarem-se mães e ter que lidar com críticas de que não dariam conta dos filhos e de seus afazeres profissionais ou de nem serem contratadas simplesmente por terem filhos (Oliveira, 2021).

As organizações nos dias atuais, embora em seus códigos de conduta repreendem comportamentos inaceitáveis como racismo, sexismos, machismo e homofobia, são míopes e coniventes quando tais situações ocorrem, e se utilizam dos dispositivos apenas para não sofrerem processos judiciais, e assim não desempenham de maneira eficiente as políticas de diversidade previstas em lei, uma delas é a não presença de sanções racistas, que por meio de advertências e penalizações ao agressor, os código adotados por algumas organizações deixariam de ser apenas dispositivos dialéticos (Oliveira, 2021).

Analisando os estudos expostos até aqui, fica claro que a população negra, em especial, mulheres negras precisam lutar muito para serem tratadas com a dignidade que realmente merecem, uma vez que em suas vidas e seus corpos reprimidos desde muitos anos atrás. A objetificação e sexualização do corpo negro ainda é algo muito presente em diferentes aspectos na sociedade brasileira, o machismo aliado ao racismo expõem cada vez mais mulheres, a fim de diminui-las e expô-las como objetos. Assim, é de extrema necessidade que busquemos combater tais acontecimentos, apoiar movimentos que defendem mulheres e a população negra é uma ação que deve ganhar cada vez mais força, só assim será possível acreditar em mundo melhor, onde haja igualdade e equidade para todos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade brasileira é marcada pelo racismo enraizado desde o período colonial. Mesmo após anos de lutas e algumas conquistas, a prática do preconceito é muito frequente, em muitas das vezes a sociedade fecha os olhos para tais práticas no dia a dia. Mulheres negras sofrem desde sempre com as práticas de machismo, racismo e sexismos juntos, uma vez que além de serem intituladas como o sexo frágil, ainda são tratadas com inferioridade pela sociedade em virtude de sua cor. Dentro do mercado de trabalho a inserção de mulheres negras ainda ocorre de maneira lenta, embora estejam ganhando espaços aos poucos, na maioria das vezes ocupam cargos de pouca importância.

Diante de tudo de que foi exposto até aqui, pode-se perceber que a luta pelos direitos das mulheres em geral, e em especial de mulheres negras torna-se cada vez mais necessária, uma vez que mesmo se passando anos e havendo grandes movimentos e lutas pelos direitos das mulheres e de pessoas negras, a prática do racismo, aliada ao machismo e sexismo ainda se faz muito presente dentro dos ambientes organizacionais.

Assim, surgem como sugestões para estudos futuros, pesquisas qualitativas através de entrevistas semiestruturadas com mulheres negras em organizações, para indagá-las sobre como se sentem nas organizações as quais trabalham, se sentemse seguras, respeitadas e se já sofreram qualquer tipo de discriminação, seja ela machista, racista ou sexista.

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ANTÔNIA AURIANE DE SOUSA SILVA é egressa do Bacharelado em Administração do Instituto Federal do Piauí- IFPI, campus Campo Maior.

ANTÔNIA RAFAELA DA SILVA é egressa do Bacharelado em Administração do Instituto Federal do Piauí- IFPI, campus Campo Maior.

RUTHELLE MARIA DE CARVALHO SOUSA é docente do Eixo de Gestão e Negócio do Instituto Federal do Piauí- IFPI, campus Campo Maior. E-mail: ruthelle.carvalho@ifpi.edu.br

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